quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Herdeiros da Pampa Pobre

Foto da primeira urna utilizada no Brasil, afrente do
modelo atual.

    De dois em dois anos o cidadão brasileiro tem o dever de ir às urnas para escolher os governantes do seu país, estado ou cidade. Sabe-se também que além no período eleitoral temos que passar por uma época de troca de farpas e muitas falácias, onde os candidatos têm o direito legal de divulgar as suas propostas e alfinetar os seus concorrentes diretos. Só que neste ano, existe um novo chamariz nas eleições, o extenso número de candidatos filhos de políticos.
    A nova geração de candidatos para prefeito e vereador na Região Metropolitana do Recife está abarrotada de jovens políticos que jamais apareceram ou despontaram em movimentos políticos e que, graças aos nomes dos pais, estão conseguindo algum espaço. Não é raro ver nas ruas de Recife e Olinda cartazes com fotos dos candidatos com políticos famosos á tira-colo lhes passando alguma credibilidade. Porém, torna-se alarmante a quantidade dos preteridos a cargos políticos ao lado dos seus pais.
    O que se vê nos discursos destes jovens são palavras que parecem copiadas das páginas amareladas um dia lidas pelos seus progenitores, até mesmo a postura e o temperamento tendem a ser copiosos. Esta postura visa conquistar o eleitor que um dia votou nos antecessores, gerando comentários do tipo “a política está no sangue dele (a)”, “já cresceu no meio”, ou simplesmente “é a cara do pai”, fazendo dos filhos “a sua imagem e semelhança”!
    Este sistema dá a entender que a política local não está se renovando, mais só está substituindo rostos enrugados por simpáticos jovens que cultuam, compartilham e usufruem de velhas ideologias, como novas marionetes para velhos ventríloquos.
    Como eleitor, fico com uma sensação estranha de que a minha cidade é administrada como uma fazenda no Japão medieval, onde os clãs passavam as suas terras às próximas gerações, ou os cafezais da época colonial no Brasil, onde os fazendeiros passavam as terras para os seus filhos primogênitos.
  
Cristiano Marques

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