Essa semana ao iniciar mais uma das minhas rotinas matinais me deparei com uma cena simples e corriqueira, porém que muito me chamou a atenção:eu vi um saco plástico branco voando no céu perante os prédios. O que deveria ser um alarde e uma injúria para qualquer naturalista simplesmente me causou uma total paralisia filosófica.
Aquela figura sem vida que planava sobre o vento tinha algo que, por incrível que pareça, de certa forma, me causou inveja. Diferente da grande maioria das pessoas hoje em dia(isso inclui a mim mesmo), o objeto planava livre, na direção do vento e sem nenhum peso, nenhuma amarra ou encalce que o deixasse preso em um chão sujo e descuidado como esse que estamos acostumados a pisar. O saco voava sem compromisso, medo ou destino, justamente como a mente humana deveria ser, só que por impulsos e atrasos vindos de terceiros, a mesma fica pesada e estagnada, com medo de se perder e descobrir que o caminho livre seria a melhor saída para todos.
Ao ver isso, me peguei pensando:se eu fosse livre como esse saco, como eu seria? Cheguei à dedução de que eu me deixaria levar pelos meus anseios mentais e que não mais me importaria com o que viesse depois, diferente do que nos é ensinado. Saberia que em qualquer lugar em que eu pousasse poderia chamar de lar e assim me dar conta de que, mesmo que me rasgassem por inteiro eu estaria feliz, pois saberia que, mesmo dilacerado, o meu corpo ainda vagaria por aí durante muito tempo, livre e sem paradeiro, eu seria mais uma parte desse imenso mundo.
Então, após perder a ilustre sacola de vista, aterissei novamente no meu mundo seco, me lembrando dos pesos e das amarras que fazem o meu cotidiano parecer uma pequena esfera comparado ao universo imenso e inesperado que aguardava aquele pedaço de plástico pairando lá no imenso céu.
Após sair desse delírio, peguei o primeiro ônibus que me apareceu e fui para o meu trabalho, porque, infelizmente já era hora de acordar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário