segunda-feira, 11 de maio de 2009

Idas, vindas e voltas

Idas, vindas e voltas

Quantos dias passei cantando
Sem ao menos saber uma canção
E com os meus olhos espumando
Eu esvaziei o meu coração

Por estas noites mal dormidas
Tristes entorpecidas ao luar
Tantas dores, tantas despedidas
Não curam feridas pra me acostumar

Que esse mundo é um ventre solto
E o nosso porto está nos mares
Mesmo imenso, febril e revolto
Cabe na triste isolação dos lares

Onde os ninhos são feitos de portas
E a solidão tece um pergaminho
Depois de idas, vindas e voltas
O meu testamento me deixou sozinho

Cristiano Cabral Marques

PS: Resultado de uma insônia sintética que tive esses dias.

2 comentários:

Patrícia disse...

Interessante!
Conseguiste reunir em um mesmo texto peso e leveza. O sentimento é denso, mas a escrita corre leve, como se cada palavra fluísse naturalmente dentro de você. De uma forma tão natural e suave, apesar de intenso, conseguimos discorrer pelo poema de forma breve.
Gostei, principalmente, desta parte:

"Por estas noites mal dormidas
Tristes entorpecidas ao luar
Tantas dores, tantas despedidas
Não curam feridas pra me acostumar"

Bjs Cristiano.

João Paulo Güma disse...

muito bom, bicho.