Idas, vindas e voltas
Quantos dias passei cantando
Sem ao menos saber uma canção
E com os meus olhos espumando
Eu esvaziei o meu coração
Por estas noites mal dormidas
Tristes entorpecidas ao luar
Tantas dores, tantas despedidas
Não curam feridas pra me acostumar
Que esse mundo é um ventre solto
E o nosso porto está nos mares
Mesmo imenso, febril e revolto
Cabe na triste isolação dos lares
Onde os ninhos são feitos de portas
E a solidão tece um pergaminho
Depois de idas, vindas e voltas
O meu testamento me deixou sozinho
Cristiano Cabral Marques
PS: Resultado de uma insônia sintética que tive esses dias.
2 comentários:
Interessante!
Conseguiste reunir em um mesmo texto peso e leveza. O sentimento é denso, mas a escrita corre leve, como se cada palavra fluísse naturalmente dentro de você. De uma forma tão natural e suave, apesar de intenso, conseguimos discorrer pelo poema de forma breve.
Gostei, principalmente, desta parte:
"Por estas noites mal dormidas
Tristes entorpecidas ao luar
Tantas dores, tantas despedidas
Não curam feridas pra me acostumar"
Bjs Cristiano.
muito bom, bicho.
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