segunda-feira, 23 de março de 2009

Augusto dos Anjos


Augusto dos Anjos

Augusto de carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no dia 20 de abril de 1884, na cidade de Cruz do Espírito Santo, na Paraíba. Iniciou seus estudos com o seu pai, que era bacharel, e posteriormente estudou no Liceu Paraibano, aonde viria a ser professor. No ano de 1907, conclui seu bacharelado em direito na Faculdade de Direito do Recife, onde teve contato com o trabalho “A Poesia Cientifica”, do professor Martins Junior. Ele jamais chegou a exercer a profissão de advogado, pois vivia de dar aulas de português. Casa-se com Esther Filho no ano de 1910 e no mesmo ano, após desentendimentos com o governador da Paraíba, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao magistério até o seu falecimento, no dia 12 de novembro de 1914, causado por pneumonia.

Precocemente, o autor escreveu seu primeiro poema aos sete anos de idade. Ao entrar na escola, já foi diagnosticado como nervoso e doente, por testemunhas da época. Seu único livro, Eu, foi publicado no ano de 1912. Inicialmente ignorado pela crítica e pelo público, esse livro vem carregado de poemas com forte influência parnasiana e simbolista, possuindo como principais características o ceticismo sentimental, a melancolia, o uso do “eu” como centro das suas atenções e a linguagem científica e orgânica, a qual usa para diagnosticar fenômenos do homem, como nascimento e vida.

Outra característica que chama muito a atenção do leitor é a visão pessimista do autor diante de questões sentimentais e afetivas, visto claramente num dos seus poemas mais conhecidos, Versos íntimos, onde com total frieza e ceticismo, Augusto dos Anjos fala sobre questões sentimentais com até um certo tom de desprezo. A métrica usada de forma impecável também é uma forte característica encontrada na sua obra.

Outro fato que gerava um certo dualismo na sua obra era o fato da sua linguagem apresentar elementos altamente elaborados e também de forma vulgar.

A melancolia e o descontentamento do autor possivelmente foram herdadas de fatos da sua vida pessoal, por fato de sofrer de doenças desde a infância e de fatos na sua vida adulta, como o precoce falecimento do seu filho primogênito, aos sete meses, no ano de 1911 e a quem o autor dedica um soneto.

A pesar de muitos o enquadrarem na escola modernista, Augusto dos Anjos é um caso peculiar e deve ser estudado de forma diferente, sem ter o devido enquadramento em alguma escola literária.

Segue aqui um poema do autor onde todas as suas características são demonstradas:


Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


Esse poema é uma forma (pessoalmente falando) mais coerente de demonstrar todas as características desse escritor, que é um dos mais importantes da literatura brasileira, deve ter sua obra degustada e apreciada por todas as pessoas que prezam por uma obra de grande qualidade e de peculiaridades genuínas.



Download Eu e outras poesias





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