Augusto dos Anjos
Augusto de carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no dia 20 de abril de 1884, na cidade de Cruz do Espírito Santo, na Paraíba. Iniciou seus estudos com o seu pai, que era bacharel, e posteriormente estudou no Liceu Paraibano, aonde viria a ser professor. No ano de 1907, conclui seu bacharelado em direito na Faculdade de Direito do Recife, onde teve contato com o trabalho “A Poesia Cientifica”, do professor Martins Junior. Ele jamais chegou a exercer a profissão de advogado, pois vivia de dar aulas de português. Casa-se com Esther Filho no ano de 1910 e no mesmo ano, após desentendimentos com o governador da Paraíba, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao magistério até o seu falecimento, no dia 12 de novembro de 1914, causado por pneumonia.
Precocemente, o autor escreveu seu primeiro poema aos sete anos de idade. Ao entrar na escola, já foi diagnosticado como nervoso e doente, por testemunhas da época. Seu único livro, Eu, foi publicado no ano de 1912. Inicialmente ignorado pela crítica e pelo público, esse livro vem carregado de poemas com forte influência parnasiana e simbolista, possuindo como principais características o ceticismo sentimental, a melancolia, o uso do “eu” como centro das suas atenções e a linguagem científica e orgânica, a qual usa para diagnosticar fenômenos do homem, como nascimento e vida.
Outra característica que chama muito a atenção do leitor é a visão pessimista do autor diante de questões sentimentais e afetivas, visto claramente num dos seus poemas mais conhecidos, Versos íntimos, onde com total frieza e ceticismo, Augusto dos Anjos fala sobre questões sentimentais com até um certo tom de desprezo. A métrica usada de forma impecável também é uma forte característica encontrada na sua obra.
Outro fato que gerava um certo dualismo na sua obra era o fato da sua linguagem apresentar elementos altamente elaborados e também de forma vulgar.
A melancolia e o descontentamento do autor possivelmente foram herdadas de fatos da sua vida pessoal, por fato de sofrer de doenças desde a infância e de fatos na sua vida adulta, como o precoce falecimento do seu filho primogênito, aos sete meses, no ano de 1911 e a quem o autor dedica um soneto.
A pesar de muitos o enquadrarem na escola modernista, Augusto dos Anjos é um caso peculiar e deve ser estudado de forma diferente, sem ter o devido enquadramento em alguma escola literária.
Segue aqui um poema do autor onde todas as suas características são demonstradas:
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Esse poema é uma forma (pessoalmente falando) mais coerente de demonstrar todas as características desse escritor, que é um dos mais importantes da literatura brasileira, deve ter sua obra degustada e apreciada por todas as pessoas que prezam por uma obra de grande qualidade e de peculiaridades genuínas.
Download Eu e outras poesias
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