
Ultimamente, tenho andado muito por lugares que são frequentados por muitas pessoas (em sua maioria jovens) que se dizem, ou se acham, "cult" ou "alternativos". Nesses lugares, tenho me deparado com muitos cidadãos e cidadãs que se dizem poetas ou escritores. Daí até tudo bem, mas o problema é quando alguém vai recitar os seus poemas ou me dá o endereço do seu blog ou site para analisar o que tem escrito.
Muitas vezes, o conteúdo apresenta uma avalanche de palavras ou poemas que não seguem estilo ou estética nenhuma (nem mesmo rima) para dar andamento as idéias expostas, que nem assim conseguem ser concluídas ou aproveitadas durante os textos.
O que viria a causar isso? A chamada escrita moderna, dos pseudo intelectuais que sonham em ser escritores porque escrevem textos entupidos de significado algum e de palavras, digamos, difíceis (pois é o word possui dicionário de sinônimos!), mas o problema vem muitas vezes da absorção que o autor faz dos textos lidos e muitas vezes se limitam a ler autores fracos ou de pouco apelo estilístico, para se equivalerem do mesmo estilo e alcançarem assim o patamar de "escritor" ou "poeta". Direi a seguir dois casos que pra mim são clássicos de influência desses novos nomes da literatura underground, lembrando que o problema aqui são os influênciados e não as influências.
1) Charles Bukowski (foto)
Muitos desses escritores que acabo conhecendo por aí são fâs de Bukowski (ou até Buk, para os que se acham íntimos dele). Não vejo mal nenhum em ler seus contos, pois até eu li alguns, mas o problemas desses admiradores assírduos dos seus textos, além de idolatrarem a obra, que é explicitamente machista, é a falta de qualquer estética que o autor usa para narrar seus contos ou seus poemas, ou seja, seus súditos, que além de apreciarem seus poemas sem estilo ou forma poética, apreciam aquela prosa sem estética, escrita como se fosse um simples caderninho de anotações, sem contar que acham animal histírias que simplismente narram o cotidiano sem nenhuma mensagem ou contexto.
Resultado: Eles admiram a falta de estética e lirismo simplismente para se fazer uso do mesmo pelo simples fato de não saberem ou não conseguirem trabalhar um texto de forma correta. Como um amigo meu diz, "usam Bukowski como desculpa para escreverem mal". Estou totalmente de acordo.
2) Modernismo
O modesnismo é uma escola literária que revelou ao mundo muitos grandes autores, só para citar, aqui no Brasil, nos revelou Manoel Bandeira, grande poeta Recifense. O problema é que, uma das grandes características dessa estética literária era a perda total de característica dos estilos anteriores e da estética poética.
Voltando a Manoel Bandeira, podemos sentir, ao ler o livro estrela da vida enteira, a perda do autor pelo gosto da estética e rima dos poemas. Nota-se um grande diferencial das partes desse liro, onde em o ritmo dissoluto, o autor bandona a estética e parte para uma poesia livre, sem parâmetros e sem estéticas.
Usei Manoel Bandeira como exemplo, mas o grande influênciador dos "cults" é Carlos Drummond de Andrade, com sua estética livre e falando de sentimentos de forma melosa e tocante, muitas vezes usando o lugar comum como ponto de partida.
Só que, o que poucos prestão atenção é , mesmo livre de estéticas parnasianistas ou outras, os grandes autores modernistas usam várias figuras de linguagem como a metonímia ou a cacofonia para dar ênfase e brilho aos seus textos, coisa que passa despercebida por certo tipo de escrtores.
Depois disso, Pelo menos na minha opinião, fica claro que esses jovens poetas cult, nada mais usam que o ato de pegarem o que há e pior nos seus ídolos e transferir para suas características próprias, assim achando que, se escrevem algo comparado aos seus mestres, estão fazendo algo grandioso e realmete de grande valor cultural.
O problema não está nos autores que os influenciam (seja Bukowski, Drummond, ou quem for), e sim o que é aproveitado e tirado dalí como ponto de referêncial para o escritor se espelhar.
Não quero dizer aqui que sou bom ou melhor que ninguém, mas se esses autores alternativos, ou como queiram chamar, lessem mais um pouco de teoria antes de praticarem a literatura, seguiriam a teoria do gênio onde se diz que algo genial surge quando o influênciado supera a sua influência, e não se torna genial quando pega-se os pontos fracos de alguém para tornarem-se seus pontos fortes.
O engraçado é que a falta de estética e poesia dos cults é que os deixam tão vanglorados de serem alternativos, tanto pela leitura "underground", como pela própria escrita pesudo-marginal. E por favor, não venham me dizer que isso que é escrito vem a ser um "desconcerto poético" ou uma "revolução cultural", certo?
Cristiano Cabral Marques
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